terça-feira, 28 de junho de 2016

O DOCE OLHAR DOS MAIS VELHOS


Hoje, pra minha profunda tristeza e melancolia, soube do falecimento de um dos ícones da minha infância, o ator BUD SPENCER.

Cresci vendo, junto com meu avô materno, os filmes daquele doce e gentil brutamontes nas felizes tardes da minha infância. Spencer, cujo nome verdadeiro era Carlo Pedersoli, ficou conhecido por sua atuação em filmes de western spaghetti (velho oeste produzido na Itália) nos anos 1970, como "Chamam-me Trinity" (1970), em uma longa parceria com o amigo Terence Hill. A dupla também fez diversos longas de aventura cômica, como "Dois tiras fora de ordem" (1977). Dois filmes que eu lembro bem foram "Alladim" e "Banana Joe". E lembro docemente das risadas do meu avô a cada soco que Bud Spencer dava nos bandidos, que caíam no chão desacordados feito jaca podre. Era muito legal...

Mas o que me chamou atenção, e o motivo desse post, foi saber das últimas palavras de Spencer antes de falecer. Segundo publicou o seu filho, o qual postou: “O papá deixou-nos pacificamente às 18h15 (17h15 em Lisboa). Não sofreu. Estivemos todos a seu lado e a sua última palavra foi ‘obrigado’”.

E depois, no fim da reportagem sobre a morte do ator, havia essa foto:

Bud Spencer em 2013



E, inadvertidamente, ao penetrar fundo no olhar do ator, não pude conter a emoção. Não pude deixar de ligar o olhar meigo, profundo, sábio, doce e penetrante do ator com as suas últimas palavras antes de ir embora ("obrigado"). O olhar e a gratidão que somente aqueles que alcançaram a paz e a plenitude podem ter.

E não pude deixar de comparar esse olhar com o doce e magnífico olhar dos meus avós. A mesma profundidade, a mesma serenidade, a mesma doçura e sabedoria... mas apenas poucos de nós, mais jovens, conseguimos perceber a beleza encantadora e profunda desses olhares. Os olhares dos mais velhos. Os mais velhos, que nós, mais jovens, não respeitamos. Os mais velhos que nós não valorizamos em sua profunda sabedoria, fragilidade e delicadeza.
Os mais velhos, que se tornam um estorvo pra nós, mais jovens, que, em nossa arrogância e prepotência, achamos sermos eternos, os senhores de tudo.

A velhice não traz santidade a ninguém, eu sei. O jovem mau de hoje, será um velho com o olhar cansado e sem serenidade de amanhã. A alguns até, dependendo do caminho que escolheu trilhar, continuam sendo maus até mesmo na velhice. Mas Deus foi maravilhoso comigo, e me trouxe três velhinhos que tornaram a minha vida tão doce, que causa estranheza entre as pessoas "normais". Não querendo ser superior aos outros, pois cada um sabe o que leva no coração; eu apenas estou relatando o quanto tive sorte.

Meus avós se chamavam Célia Bittencourt Saavedra, a vovó Célia; Antonio Bittencourt Saavedra, o vovô "Totonho"; e Ricardino dos Reis Rodrigues, o vovô "Bereco" (apelido esse tirado de um atacante da Tuna Luso Brasileira que era bom de bola e todos comparavam ao meu avô). Minha avó materna, Tarcila Rodrigues, infelizmente, faleceu antes de eu nascer. Não pude ver de perto o seu olhar mas, pelo que vejo na minha mãe, deveria ser também um olhar lindo.

Meus avós me ensinaram a ter carinho. Carinho com todas as coisas, em todos os atos. Carinho ao deitar a cabeça no colo deles, enquanto acariciavam meus cabelos; carinho ao beber a água do pote da nossa casa no interior, com aquele gostinho delicioso de cerâmica; carinho ao ver um pássaro cantando ou ao brincar de pira com os primos no rio em Tupibambá - Ourém. Talvez por conta de tanto carinho, eu tenha tido extrema dificuldade em me adaptar ao mundo; às pessoas, principalmente aos valores atuais.

A beira do rio, em frente à nossa casa em Tupinambá
  
Meus avós me ensinaram a ter respeito e humildade. Por todos. Independente da roupa que veste, da cor da pele ou da classe social. Por todos. Me ensinaram a pedir a bênção antes de dormir e ao acordar, e antes de sair de casa, e ao chegar em casa. Me ensinaram, em toda a sua simplicidade, que bunda, whatsapp, televisão e internet não valem nada quando comparados a uma conversa com seus pais e amigos na beira do rio. Me ensinaram a não parar na rua pra filmar e repassar vídeos de pessoas mortas ou acidentadas em grupos, numa demonstração imensa de falta de respeito para com os mortos e seus parentes. Me ensinaram a não me envaidecer com a minha beleza física (que eu nem tenho muita) na frente do espelho, batendo fotos pra postar, e nem me empolgar com a beleza física dos outros. Me ensinaram que são as pequenas coisas que valem mais.

Me ensinaram a ser honesto. A falar a verdade. A defender o que é certo e a olhar nos olhos. A fazer sempre a coisa certa, mesmo quando todas as influências ao meu redor sejam erradas. Mesmo quando as outras pessoas te julgam ou te achem estranho por causa disso. E me ensinaram a admirar essas coisas, mesmo quando ninguém mais admira (ou admira, mas se esconde em uma capa social ridícula).

Me ensinaram, junto com meus pais, a rezar e a louvar por cada dia, cada dádiva vivida. E me ensinaram que a Igreja de Deus é humilde e pobre materialmente. A Igreja de Deus não odeia, não fala mal das outras, não se vangloria com vitórias e nem elege inimigos. 

E, por fim, em seus últimos anos, me ensinaram a cuidar, a tentar ser sempre o melhor que se puder ser por aqueles que amamos. Me ensinaram a ter sensibilidade com a dor dos outros, mesmo quando a minha vida vai bem. E, por fim, me ensinaram a ver a beleza nos seus olhares. A doçura, o amor, a sabedoria e a sapiência que vem com o passar do tempo. Um olhar lindo, cheio de alegria, retidão, serenidade e plenitude.

Me ensinaram a ter orgulho de ter tido cada um deles em minha vida. E somente aqueles que tiveram e amaram seus avós, seus bons velhinhos, sabem do que eu falo.

Meus avós, os três, ao contrário do ator Bud Spencer, morreram no hospital. Não morreram em casa, cercados pelos seus filhos e netos. Estavam hospitalizados. Mas, não morreram sós. Nunca. E sei que eles sabiam disso. Morreram pacificamente, com o olhar e a serenidade que somente aqueles que foram bons e caminham ao lado de Deus têm.

Meus avôs: Ricardino dos Reis Rodrigues (vovô Bereco) e Antonio Bittencourt Saavedra (vovô Totonho)

Minha avó: Célia Saavedra


E, se pudessem me ouvir antes de partir, sem dúvida eu diria a cada um deles "obrigado".

 

 

terça-feira, 21 de junho de 2016

Novo Super-herói brasileiro - Quadrinhos / HQs: RipColt



 Boa tarde a todos; dando prosseguimento à apresentação do meu universo de super-heróis, cuja publicação está em desenvolvimento, apresento-lhes RipColt.

RipColt é o homem outrora chamado Kenian, um guerreiro extradimensional que foi exilado de seu mundo após ser acusado de traição em seu mundo/dimensão superior, e, além do exílio, foi amaldiçoado a carregar em sua face a marca da morte e a sentir todo o mal perpetrado pelos homens na sua alma, até o dia em que ele conseguir redenção pelos seus pecados.

RipColt era um dos onze acólitos que, em seu mundo, uma dimensão superior onde somente homens com a mente superior, evoluída, têm acesso. Os acólitos são treinados a vida inteira, física e mentalmente, para serem os guerreiros supremos de todas as realidades existentes. Eles fazem parte da Ordem Superior Universal, uma cabala responsável por manter o nexo e o equilíbrio entre todos os universos e realidades existentes. Nessa dimensão superior, está localizada a Cúpula, um lugar material e imaterial ao mesmo tempo, que é o nexo de tudo o que existe. A Cúpula é protegida e guardada pelos acólitos.

Com ambições de poder, RipColt será influenciado a trair os acólitos e a Ordem Superior Universal pelo Imperador Escarlate, o qual era um antigo membro da ordem que, ao vislumbrar acidentalmente a cúpula, enlouqueceu e foi expulso. RipColt trai a ordem, porém falha em seus planos e é subjugado. Porém, devido às suas ações, a cúpula é desfragmentada e todas as dimensões são afetadas. Mundos inteiros são perdidos. A existência, em si, é afetada de forma irreversível, numa espécie de efeito dominó. E o núcleo dimensional, a cúpula, é deslocada e passa a transitar entre dimensões inferiores, causando desequilíbrio e desarmonia em todas as realidades existentes. 

Como punição para sua ações, RipColt é expulso da Ordem Suprema e é exilado de seu mundo para uma dimensão inferior, vindo parar na cidade de "Los Santos", passa a ostentar na sua face a marca da morte e é amaldiçoado no âmago de seu ser. Devido à sua maldição, ele passa a sentir, dia após dia, todo o mal do mundo na sua alma, maldição essa que somente poderá ser desfeita quando ele alcançar a redenção. Todos os dias, o mal será mostrado a ele, fazendo com que ele seja um homem atormentado.

A partir daí, RipColt passa a combater o mal na cidade de Los Santos, em busca de redenção e como forma de pôr um fim na agonia eterna que assola a sua alma.

Segue abaixo a imagem do personagem. Espero que gostem.

Gosto muito desse personagem. Mais uma criação minha e de que me orgulho muito. A imagem a seguir é a imagem da capa da primeira edição. Ainda não está terminada, mas dá pra ver perfeitamente o visual do personagem.

Até o próximo post, quando eu irei apresentar meu outro personagem nesse universo compartilhado.

Abraços;
Ewerton R. Saavedra


Novo Super-herói brasileiro - Quadrinhos / HQs: JUDAS





Faz anos que eu não escrevo aqui neste blog. Falta de tempo, preguiça, introspecção, entre outras coisas. Mas hoje resolvi começar a publicar uma série de posts sobre Super-heróis nacionais. Pra ser mais exato, posts sobre super heróis criados POR MIM!
Sim, eu tenho 34 anos e ainda sou uma criança que cria heróis de quadrinhos. E devo dizer que me orgulho muito disso.

O primeiro herói criado por mim a ser apresentado e registrado neste blog fedorento é o JUDAS! Isso mesmo. O nome do cara é esse.

Judas é um guerreiro-clone criado em laboratório através de tecnologia arcana por um demônio extra-dimensional que domina um futuro pós-apocalíptico, meio Mad Max, meio Steampunk.

O mundo era belo e cheio de vida (apesar dos seres humanos tentarem acabar com ele todos os dias). Até que, um belo dia, ocorreu o que ficou conhecido como "o grande cataclismo", ou "grande colapso", quando vários vórtices espaço-temporais apareceram em várias regiões aleatórias do globo e, de dentro deles, surgiram seres extra-dimensionais de origem desconhecida. Ao fim de três horas, houve um clarão, e esse foi o momento em que o próprio espaço-tempo se fragmentou. Como consequência, a terra, o planeta inteiro, ficou estéril. E ninguém sequer se lembra disso pois, a própria existência em si foi afetada. Então, não se pode lembrar ou explicar aquilo que teve a sua essência existencial modificada.
Sem condições básicas de sobrevivência, a  humanidade foi se extinguindo progressivamente. Pra piorar, dos escombros desse novo mundo devastado, emerge um ser maligno. Um demônio interdimensional conhecido como "Imperador Escarlate". Ele e sua legião colonizam a terra, a nossa dimensão, perpetrando caos, destruição e morte. O Imperador Escarlate vem acompanhado de seus quatro juízes, que comandam os seus exércitos de extermínio. Os seres humanos restantes são caçados e mortos. Alguns poucos sobrevivem, sendo usados como escravos. Os inúteis, deficientes e idosos são mortos. Todas as religiões são abolidas, exceto aquela de adoração ao próprio Imperador Escarlate. Os poucos humanos livres são traidores da sua própria raça, geralmente trabalhando para o próprio Imperador como delatores e traficantes. Alguns humanos livres tentam resistir, organizados em castas.
Um dos quatro juízes do Imperador Escarlate é conhecido por JUDAS. Ninguém sabe sua origem (na verdade, ninguém sabe nem mesmo da origem do próprio Imperador Escarlate, de onde ele veio, etc.). Mas todos sabem que seu nome é sinônimo de morte e ele é temido em cada canto do plano terrestre. Temido até mesmo entre seus pares, pois Judas é um dos juízes mais fortes e implacáveis. Ele comanda exércitos de seres extra-dimensionais, chacinando homens, mulheres e crianças por muitos anos. A humanidade e os poucos focos de resistência vão sendo progressivamente dizimados.
Até que, um dia, Judas é tocado pela inocência de uma menina que acabara de ter sua família chacinada por ele. Ao ver e sentir, no âmago de sua alma, a inocência da menina, Judas fica perdido. Atordoado, ele caminha pela terra devastada e, sem rumo, ele decide se matar. Porém, às portas da morte, ele é salvo por um poder superior. Seu corpo é transfigurado para um lugar onde sua mente se expande, revelando a ele o dom da bondade e da iluminação.
Ao ser trazido de volta, iluminado e transformado em seu âmago por esse poder superior, Judas parte em busca de redenção em um mundo devastado. Ele agora trilha uma jornada sem fim para acabar com o jugo do Imperador Escarlate, e começa a sua caminhada em busca do único homem, um ancião, que possui lembranças de como era o mundo antes do grande colapso (ou grande cataclismo).

Enfim, essa é a história. A revista já está sendo feita e atualmente estou na oitava página. Com o pouco tempo que possuo, o trabalho é demorado. Porém, constante e feito com muito carinho e esmero.

Vejam a seguir algumas imagens do Judas, e algumas artes prévias (algumas inacabadas) da revista.

Estou aberto a ideias e contatos. Na próxima postagem, apresentarei mais um herói, este mais urbano. Aguardem.

Abraços a todos.