terça-feira, 11 de janeiro de 2011

FILMES QUE TODOS PRECISAM VER 3: Menina de Ouro (2004)




Em 2003 o cinema aclamou de pé um dos grandes filmes dos últimos tempos, a vida de 3 amigos de infância que voltam a se encontrar depois de um bom tempo, tendo que trabalhar com o sentimento de culpa. Era o ótimo filme “Sobre Meninos e Lobos”. E parece realmente que Clint Eastwood acertou o pé em seus novos dramas, mesmo com uma idade já avançado (79 anos) o Diretor/Ator continua entregando belíssimas produções, “Cartas de Iwo Jima” , “Gran Torino” que inclusive foi seu ultimo papel como ator, “A Troca” e “Invictus” foram filmes que lhe renderam premiações e aclamação da crítica, o cineasta realmente sabe fazer um drama.
Mas talvez nenhum desses filmes possa alcançar em profundidade psicológica, o excelente “Menina de Ouro” a obra chega a beirar a perfeição, no quesito de roteiro, na montagem perfeita do filme e sem falar é claro nas atuações esplendidas de Hilary Swank, Morgan Freeman e dele é claro, Clint Eastwood, que consegue mesmo com aquele rosto fechado arrancar lágrimas do cidadão mais durão que possa acompanhar essa verdadeira obra-prima.
Frankie Dunn (Clint Eastwood) é um velho fechado, frio e extremamente amargurado, principalmente depois que sua filha o deixou, do qual ele não tem nem a menos a coragem de lhe escrever uma carta. Frank possui um academia de boxe bem simples que não lhe dá quase lucro nenhum, apenas lhe trazendo prejuízo. A única pessoa que Frank considera como amigo é o ex-boxeador treinado por ele, Scrap (Morgan Freeman). Porém Frank se considera culpado pelo fato de Scarp ter perdido um olho durante uma luta que já era para ter sido interrompida. Apesar do inegável talento como treinador Frank jamais conseguiu implacar um grande sucesso do boxe por ser excesivamente conservador, protegendo demais seus alunos e acabando prejudicando-os.
Em um dos momentos de maior solidão, onde um boxeador treinado por ele o abandona na véspera do titulo mundial, aparece em sua vida a humilde Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), a pobre garota de trinta anos que trabalha como garçonete em uma simples lanchonete, mas que é a única pessoa que acredita em si mesma acreditando que poderá se tornar uma campeã mundial de boxe.
Apesar da falta de vontade de Frank no começo, ela consegue convence-lo a treina-la. Rapidamente o talento de Maggie aparece e ela se torna uma das melhores boxeadoras da época, conseguindo ganhar dinheiro ao ponto de comprar uma nova casa para sua família. Mas quando tudo apontava para um esplendido sucesso, um grave acidente acontece em uma luta, mudando o destino de Maggie e Frank para sempre.
A parte técnica do filme é irrepreensível, Eastwood consegue fazer você vibrar junto com Maggie, o modo de filmagem faz você entrar na lutas de boxes e sair dando socos por aí, mas sem parecer algo forçado, o cineasta consegue fazer algo tão natural que realmente impressiona pela beleza.
Depois da tragédia que abala a vida dos 3 personagens principais percebemos o quão talentoso são os 3 atores que dão vida a eles. Clint Eastwood convence como o treinador durão extremamente amargurado, mas que não consegue esconder seus sentimentos, Hilary Swank está talvez no melhor papel de sua carreira ao lado de sua participação em “Os Meninos Não Choram” que acabou lhe rendendo o Oscar em 1999, conseguindo fazer você acreditar que realmente existe uma “Mo Cuishle “(apelido pelo qual Maggie ficou conhecida no mundo do boxe), Morgan Freeman consegue dar toda intensidade possível para seu personagem, ele que é o narrador da história consegue exprimir todo seu sentimento em suas palavras.
“Menina de Ouro” é muito mais do que um filme sobre boxe, ao contrário do que foi dito na época é muito mais do que uma “adaptação” ou as inúmeras cópias que surgiram depois de “Rocky Balboa” , o filme vai muito além disso, trata das escolhas que devem ser feitas na vida, a realização tanto profissional quanto espiritual, fazendo acreditar em você mesmo, tendo esperança que por mais que tudo parece caminhar contra, você tem a capacidade de reverter a situação e nocautear as dificuldades da vida. O filme é metaforicamente perfeito e comovente.
O filme foi condecorado com 4 Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor (Clint Eastwood), Melhor Atriz (Hilary Swank) e Melhor Ator Coadjuvante, ganhando também 2 Globo de Ouro: Melhor Atriz Drama (Hilary Swank) e Melhor Diretor (Clint Eastwood).
Depois de acompanhar “Menina de Ouro”, não levante logo do sofá e vá fazer outra coisa, pare e reflita junto com a música de fundo perfeita, imagine a lição de vida que você acabou se presenciar, é um filme para se refletir.

FILMES QUE TODOS PRECISAM VER 2 - Tubarão (1975)



Depois dele, os banhos na praia nunca mais foram os mesmos"

O melhor filme de Spielberg. Ponto.

"Tubarão" pode ser considerada a obra-chave para compreendermos a carreira de Steven Spielberg. Em 1975, Spielberg ainda não passava de um cineasta promissor com dois filmes bons no currículo ("Encurralado", sua estréia no cinema, originalmente feito para a TV, e "Louca Escapada", 1971 e 1974, respectivamente). Porém, veio "Tubarão" e apresentou ao mundo aquele que viria a se tornar um dos maiores artesãos do cinema em todos os tempos. Apesar da recepção silenciosa num primeiro momento, bastou "Tubarão" atingir o público jovem, no verão de 75, para Spielberg entrar para história.

Além de inaugurar o termo blockbuster, que nada mais é do que o filme destinado ao público jovem, geralmente sem cérebro algum ou história coerente, mas com muitos efeitos especiais e cenas rápidas e, de preferência, com bastante ação, Spielberg dirigiu o filme mais visto na história do cinema, com 62 milhões de espectadores. Posto isso, o leitor mais atento pode desconfiar da idoniedade desta crítica, afinal, no começo deste parágrafo é destacado que blockbusters geralmente não possuem um roteiro coerente, sendo filmes feitos na medida para o divertimento das platéias juvenis. Mas, para toda regra há exceção.

Nada é vago em "Tubarão". Spielberg conta uma história por trás dos ataques do tubarão e mostra que a crise familiar iria se tornar um tema recorrente em seu projeto de cinema. Em 1975, o realizador Steven Spielberg levou ao ecrã a novela campeã de vendas de Peter Benchley, e fê-lo com uma incrível intensidade e um angustiante suspense. "Tubarão", marcou para sempre os espectadores de todo o mundo, aterrorizando apenas com estas palavras: "Não entre na água". Uma vez instalado o pânico, Roy Scheider, Richard Dreyfuss e Robert Shaw unem esforços na luta desesperada para acabar com as quase três toneladas do terrível assassino branco de oito metros.

Mesmo tendo como base a odisséia de um xerife, um ictiologista e um veterano pescador, "Tubarão" dissemina uma subtrama interessante. O personagem de Roy Scheider, o mais estudado dentre o trio de protagonistas principais, marca o início de um estudo bem pessoal da carreira de Spielberg. O xerife Martin Brody (Scheider) passa por maus bocados dentro de casa e isso serve como um bom pano de fundo para a história principal. Spielberg não perde o foco da narrativa e segura as duas horas de duração facilmente. O filme te prende do início ao fim de forma magistral. Queria poder ter visto esse filme no cinema.

Assim como todo o trabalho, a trilha de "Tubarão" entrou para a história. Com apenas duas notas, o mestre John Williams compôs o acorde mais fantástico do cinema (obviamente inspirado no clássico "Psicose", de Alfred Hitchcock. E foi assim, com um boneco mecânico e com uma edição impecável, que o cinema se rendeu ao talento de Steven Spielberg. Mesmo após as três continuações deploráveis que o longa recebeu (o que pode ter confundido a cabeça do público mais desinformado), "Tubarão" ainda é e sempre será um clássico.


Ah; e uma dica: assista esse filme à noite (de tarde jamais) e com o som original (legendado), pra não perder o clima.